5 de março de 2012

Exorcismo, o que é?

Preciso de informações sobre exorcismo na igreja católica apostólica romana, se existem padres que façam e onde encontrá-los. Aguardo uma resposta. Obrigada.
Maria Cristina L. de Q.

Em primeiro lugar, o que é exorcismo?
O termo exorcismo (em grego: exorkismós, "ato de fazer jurar", em latim: exorcismu) designa o ritual executado por uma pessoa devidamente autorizada para expulsar espíritos malignos (ou demônios) de outra pessoa que acredite estar num estado de possessão demoníaca. Pode também designar o ato de expulsar demônios por intermédio de orações.
Jesus praticou o exorcismo. Veja por exemplo, no Evangelho de Marcos (Mc 1,21-28), quando Jesus cura um endemoninhado. Entre os gadarenos (Mc 5, 1-29)  ele expulsa uma legião de demônios que possuiam um homem. Noutra ocasião (Mc 9,14-29), Jesus expulsou de um menino, um "espírito mudo" que quando o apanhava, o menino espumava, rangia os dentes, caia por terra agitando-se. Jesus o libertou e os discípulos perguntaram-lhe: "Por que  nós não conseguimos expulsá-lo?" Jesus disse-lhes: "Esta espécie de demônios só se expulsa com jejum e oração".
Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, como histeria, mania, psicose, epilepsia, esquizofrenia ou transtorno dissociativo de identidade. 
Há que se dintinguir o que é possessão e o que é doença. Por isso, quando surge um possível caso de possessão diabólica, a Igreja faz um processo de investigação. É necessário  primeiro esclarecer se a pessoa sofre de algum problema de saúde mental, e todas as hipóteses humanas são investigadas. Constatado que se trata realmente de um caso de possessão verdadeira, a Igreja indica um exorcista.
Exorcista
Em 1973, foi produzido um filme adaptado do livro de William P. Bletty, de 1971, o qual fala de um padre que exorcisou um demônio que possuiu uma garota. O fime ganhou cinco sequencias ao longo dos anos, seu título é O Exorcista.
Como aparece no filme,  exorcista é "o que expulsa espíritos maus". Do grego, exorkismos, significa "expulsão".

 Principal causa de possessão
Padre Gabriele Amorth, sacerdote mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra 'Um exorcista conta-nos', em 1990, diz que "a falta de fé é a principal causa do aumento do poder satânico no mundo atual. Examinando toda a história do Antigo Testamento, a história de Israel, quando se abandona Deus, entrega-se à idolatria. É matemático, quando se abandona a fé, entregamo-nos à superstição. Isto acontece em nossos dias, no mundo ocidental".

Sacerdotes exorcistas
Existem sacerdotes exorcistas. A melhor forma de encontrá-los é procurar informação junto ao pároco da comunidade que você frequenta.

Ritual de Exorcismos


Sugestões de leitura
Jesus milagreiro e exorcista
Luis Schiavo e Valmor da Silva
Jesus foi o maior milagreiro de sua época. Os Evangelhos contêm mais de 200 referências à atividade milagrosa de Jesus: seis histórias de exorcismos, 17 diferentes histórias de curas, incluindo ressurreições de mortos, e oito assim chamados milagres da natureza.
Jesus, milagreiro e exorcista apresenta Jesus como homem preocupado com a saúde integral - física, psicológica, social, intelectual e espiritual - das pessoas. Isso explica por que ele realizou tantas curas e exorcismos.
  



Luís Schiavo
Valmor da Silva

- Jesus exorcista
Irineu Rabuske
O problema da possessão demoníaca e das práticas exorcistas readquire vigor e atualidade. Prova disso é a expulsão de demônios praticada por grupos e seitas, que se baseiam em uma compreensão fundamentalista do texto bíblico. Assim, o objetivo deste livro é analisar a atividade pública do Jesus histórico que consiste em libertar as pessoas oprimidas por espíritos impuros.
Nos evangelhos sinóticos atesta-se que Jesus imprimiu um significado especial em seus exorcismos: eles são o sinal de que o Reino de Deus está se aproximando.   

1 de março de 2012

Um marginal é meu irmão?

Como posso compreender e admitir que um marginal seja meu irmão? (Lucas, São Luis/Ma)

Sua pergunta, Lucas,  nos remete a uma interessante reflexão. Esta reflexão me faz lembrar o texto do conhecido Padre Zezinho, scj. Leia-a e creio, vai ajudá-lo.

Nosso irmão, o caramujo Pe. Zezinho, scj

O menino Tony, de seis anos, era cheio de perguntas filosóficas. Um dia, agachado, a olhar um caramujo na horta, perguntou à mãe:
- A sra. sabia que Deus criou este caramujo? A mãe disse que sim. E ele arrematou:
- Então não podemos matar este caramujo, porque ele é nosso irmão...
É que a mãe havia falado dois dias antes que acabaria com as formigas e os caramujos da horta... E agora? Explicar que há irmãos que podemos matar e irmãos que não podemos matar? Como é que ficaria aquela cabecinha? Levou três dias para convencê-lo que caramujos matam pessoas e não há como mantê-los vivos perto de uma casa. Ela precisava escolher entre seus três filhos e os caramujos... Mas não acabou aí. O Tony agora queria saber porque Deus cria filhos que matam os outros, como o leão, a jibóia, a cobra venenosa e o caramujo doente. Quando Dona Jacy me procurou, rindo, eu lhe disse que as perguntas do seu filho derrotariam todos os pregadores e teólogos de todas as igrejas. Ninguém de nós tem essas respostas. No máximo, poderemos perguntar com ele, mas de maneira mais adulta.
Criou... Esta expressão catequética de todas as religiões que acreditam num Deus Criador, entra na mente do fiel como informação. Mas, se o fiel começar a pensar sobre a importância de ter sido criado, por um Ser Infinito que deu origem a todos os astros e seres que existem, então começa a sentir que, pequeno como é, foi pensado por um Ser Infinito. Ao me criar como indivíduo, e ao nos criar juntos, uns para os outros, Deus criou a unidade e a totalidade. Quando, portanto, eu digo que Deus nos criou, estou me colocando dentro do concerto da criação, e faço parte do mesmo projeto de Deus, do qual também faz parte o molusco, o verme, a baleia, a foca, o cisne, a águia, o cavalo e outros seres não humanos. Também sou irmão dos anjos e dos arcanjos e de qualquer ser que exista em qualquer canto do Universo e em qualquer "ângulo" do Céu, que por sinal, não tem nem ângulos, nem esquinas.
Sou também irmão de um ser humano inteligente e amoroso, da mesma forma que sou irmão de um ser humano pecador e cruel. Deus criou a todos. Em algum momento da jornada, as pessoas e os animais se modificam, mas foi Deus quem os criou. Ele poderia destruir o primeiro sujeito que desobedecesse a sua lei, mas continua criando esta pessoa. O Deus que nos criou aposta em nós. Por isso, além de Criador, Deus é educador e formador. Mais do que qualquer ser, Ele aposta em nós. Se não apostasse, nos mataria a cada crime nosso. Se deixa viver o criminoso, o bandido, o assaltante, é porque Deus tem um projeto. Nunca O entenderemos, mas Deus sabe porque faz o que faz.
Se permite que um inocente morra, Ele deve saber porque permite. Esta pessoa amargou uma dor gigantesca, que nós não sabemos explicar, mas Deus deve saber o que fazer com o sofrimento que Ele também não quis. Só que tem que Ele sabe trabalhar esse sofrimento, e nós não. Aí já é um assunto para outra reflexão. Por que Deus não se antecipa sempre? Quem nos criou sabia porque e quando vem o sofrimento e sabe porque continua nos criando e amando o assassino que não O ama nem ama o que Ele criou. Todo o sujeito que mata desafia o Criador. Por isso o seu crime pesa tanto. Caim carregou na fronte este sinal porque foi um desafio ainda maior do que o de Adão e Eva. Por isso, Caim disse que seu castigo era maior do que ele poderia suportar (Gn 4,13). Adão e Eva tentaram se apossar do Bem e do Mal para serem como Deus, mas Caim matou e agiu como quem era maior do que Deus. Decidiu que seu irmão deveria morrer. Desde então todo aquele que mata ou manda matar corre o risco da maldição e de carregar um castigo que não terá como suportar. Brincou de des-criar o que Deus criou...
O ser inteligente que me criou e criou a você, tem um projeto que nunca entenderemos, mas Ele sabe porquê. Para quem tem fé, isto basta. Pensando bem, não é tão humilhante ser irmão de um caramujo. O que nos dignifica não são os irmãos que temos, mas o Criador que nos fez.

O que acontece, Lucas, que em nosso mundo, muita gente, como Caim,  continua a "des-criar" o que Deus criou. Fica difícil aceitarmos que um "marginal" seja nosso irmão. A sociedade muitas vezes marginaliza, condena, exclui e não sabe mais rezar o Pai NOSSO. Esquece que somos todos irmãos.
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