25 de fevereiro de 2015

Por que não comer carne na quarta-feira de cinzas?

"SURGIU UM QUESTIONAMENTO ENTRE MEUS COLEGAS DE TRABALHO, 
O PORQUÊ DE NÃO SE INGERIR CARNE NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS. 
GOSTARIA TER UMA EXPLICAÇÃO E SE É UM DOGMA DA IGREJA? "
(ROBERTO GOULART)

Roberto, antes de tudo, este não é um dogma da Igreja. É uma proposta para quem quer crescer na fé e no amor cristão.

O Missal Romano da Igreja Católica prescreve para a quarta-feira de cinzas e sexta-feira da Paixão o jejum e a abstinência.  

O jejum consiste em tomar uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio-dia ou à tarde, com duas refeições leves no restante do dia.

A abstinência de carne, que consiste em não comer carne ou derivados, em alguns dias do ano, varia conforme determinação dos bispos locais.

Praticar a abstinência é privar-se de algo, não só de carne. Por exemplo, se temos o hábito diário de assistir televisão, fumar, etc, vale o sacrifício de abster-se destes itens nesses dias. 

A obrigação de se abster de carne começa aos 15 anos. A obrigação de jejuar, limitando-se a uma refeição principal e a duas mais ligeiras no decurso do dia, vai dos 21 aos 59 anos. 

Quem está doente (e também as mulheres grávidas) não estão obrigados a jejuar.
O jejum e a abstinência de carne se fazem para que nos lembremos de mortificar os nossos sentidos, orientando-os particularmente ao sincero arrependimento de nossos pecados.

Para o corpo fazemos tantos sacrifícios em vista da saúde e de uma boa forma. Para nosso espírito é necessário que também façamos algo para alimentá-lo e purificá-lo do pecado. “Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência”, afirma São Paulo.

A Quaresma – este tempo que vai da quarta-feira de cinzas até a Páscoa -  é um período de
renovação espiritual, de vida cristã mais intensa e de conversão, para uma vida nova em Cristo ressuscitado.

A Quaresma tem por objetivo primordial motivar à oração, à instrução religiosa e à caridade fraterna. Recomenda-se por isso a  leitura espiritual diária, particularmente da Paixão de Cristo, no Evangelho ou em outro livro de meditação. Recomendam-se ainda as  obras de misericórdia espirituais e corporais.


Quais são as Obras de Misericórdia?

“São ações com as quais ajudamos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais ( Cf Is 58,6-7)”. 

O Catecismo da Igreja Católica assim as define, a partir do Evangelho: Mt 25, 31-46


Corporais
1. Dar de comer a quem tem fome.
2. Dar de beber a quem tem sede.
3. Vestir os nus.
4. Dar pousada aos peregrinos.

5. Assistir aos enfermos.
6. Visitar os presos.
7. Sepultar os mortos.

Espirituais
1. Dar bom conselho.
2. Ensinar os ignorantes.
3. Corrigir os que erram.
4. Consolar os tristes.
5. Perdoar as injúrias.
6. Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo.
7. Rogar a Deus por vivos e defuntos.

Que possamos aproveitar bem deste tempo para nosso crescimento na fé e no amor aos demais.
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22 de fevereiro de 2015

O que é Quaresma? - pergunta Antonio.

Antonio A.  pergunta sobre o sentido da Quaresma.


Antonio, Quaresma é período de quarenta dias em preparação para a Páscoa.
A quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma para os cristãos. Este período  finda na quinta-feira santa, com o início do tríduo pascal.

Durante a Quaresma vive-se a Campanha da Fraternidade, neste ano abordando a necessidade de aproximação entre a Igreja e a sociedade. Lema de 2015 é "Eu vim para servir"

Com o tema "Fraternidade: Igreja e Sociedade", a campanha de 2015 deve buscar caminhos que intensifiquem a relação e a troca entre a Igreja e os diversos segmentos sociais. 

O papa Francisco enviou uma mensagem para a campanha deste ano enaltecendo o olhar para o ato de servir. Em trecho da mensagem, Francisco aponta que a Igreja “não pode ser indiferente às necessidades daqueles que estão ao seu redor”, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem.

Francisco denuncia «globalização de indiferença» que ignora sofrimentos da humanidade

O Papa desafia nesta Quaresma a Igreja e a sociedade a superar o “mar da indiferença” que ignora o sofrimento de milhões de pessoas em todo o mundo.

“Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”, escreve, na sua mensagem para este tempo litúrgico, que se iniciou na quarta-feira.

O texto admite que a “tentação da indiferença” se estende a todas as pessoas, perante a dimensão do mal com que se tem de confrontar.

“Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?”, questiona.

Segundo o Papa, está em causa uma “atitude egoísta de indiferença” que atingiu uma dimensão mundial, falando mesmo numa “globalização da indiferença”.

“Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar”, apela.

A mensagem tem como título «Fortalecei os vossos corações», uma expressão retirada da Carta de São Tiago, um dos últimos livros da Bíblia.

Francisco diz que os cristãos têm de estar atentos aos problemas e às injustiças que os outros sofrem, rezando por eles e levando ajuda, “com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo como a quem está longe”.

“A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum”, assinala.

O Papa sustenta que o sofrimento do próximo “constitui um apelo à conversão”, porque lembra a “fragilidade” da vida de cada uma, a sua “dependência de Deus e dos irmãos”.

“Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus e poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos”, adianta.

O texto cita a encíclica ‘Deus caritas est’, do Papa emérito Bento XVI, para denunciar as “pretensões de onipotência” do ser humano e convidar à “formação do coração”.

“Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro”, precisa.

Irmã Patrícia Silva, fsp
fspatricias@hotmail.com