15 de agosto de 2025

Assistolia fetal - o que é e qual a posição da Igreja?

 O que a Igreja diz sobre a assistolia fetal?  - J. Bispo - Salvador (BA)

Este assunto vem sendo abordado no Senado Federal, no Conselho Federal de Medicina (CFM) e na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

por Ir. Patrícia Silva,fsp

Nesta quinta-feira (14 de agosto), no Senado,  Raphael Câmara, do Conselho Federal de Medicina (CFM)  explicou que a assistolia fetal é um ato médico, um ato de tortura e barbárie que não deve ser realizado em seres humanos. Ele lembrou que o próprio Conselho Federal de Medicina Veterinária não autoriza o procedimento em animais desde 2012. “O STF tem que pautar a discussão para protegermos a vida dos bebês brasileiros. Atualmente, três, em média, são assassinados por assistolia fetal no Brasil. Estamos falando de bebês formados, de oito e nove meses, que são assassinados. O Código Penal não dá direito ao aborto. Só há aborto quando há risco materno”, afirmou.Raphael Câmara voltou a falar sobre o assunto e explicou que a assistolia fetal é um ato médico, um ato de tortura e barbárie que não deve ser realizado em seres humanos. Ele lembrou que o próprio Conselho Federal de Medicina Veterinária não autoriza o procedimento em animais desde 2012. “O STF tem que pautar a discussão para protegermos a vida dos bebês brasileiros. Atualmente, três, em média, são assassinados por assistolia fetal no Brasil. Estamos falando de bebês formados, de oito e nove meses, que são assassinados. O Código Penal não dá direito ao aborto. Só há aborto quando há risco materno”, afirmou.

Também na quinta-feira, 14 de agosto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgaram nota conjunta na qual manifestam repúdio à proposta de legitimação da assistolia fetal no Brasil. 

As entidades recordam, no pronunciamento, seus compromissos institucionais com a dignidade da vida humana desde a concepção até seu fim natural, bem como com o exercício técnico e ético da medicina, a garantia da objeção de consciência do médico e o respeito aos limites legais.

A assistolia fetal é um procedimento que consiste na injeção de cloreto de potássio diretamente no coração do nascituro, provocando sua morte por parada cardíaca. Segundo o CFM, a prática não é permitida na eutanásia de animais em diversos protocolos legais. O cloreto de potássio é utilizado na execução de condenados à morte nos países que preveem esse tipo de condenação.

“A prática da assistolia fetal é desumana, dolorosa e desproporcional. Trata-se de uma forma de interrupção da gravidez que, ao provocar sofrimento físico no feto, fere frontalmente o princípio da dignidade da pessoa humana, base do nosso Estado Democrático de Direito”, afirmam as entidades.

Leia a Nota da CNBB e do CFM

em Defesa da Vida e Contra a Assistolia Fetal, na íntegra em: https://www.cnbb.org.br/nota-cnbb-cfm-repudio-assistolia-fetal/

14 de agosto de 2025

QUERO ENTENDER a Teologia do domínio

Imagem:Freepik


O que é
TEOLOGIA DO DOMÍNIO?

Tenho ouvido falar em Teologia do domínio. Uma vez era Teologia da prosperidade. Agora é Teologia do domínio? - Celita C. – Rio Grande (RS). por Ir. Patrícia Silva,fsp A Teologia do domínio agrupa várias tendências cristãs fundamentalistas, inclusive integralistas católicos que postulam uma política exclusivamente religiosa, de base bíblica. A Teologia da prosperidade, já é mais conhecida, e afirma que a fé em Deus, expressa através de contribuições financeiras que resultam em prosperidade material e saúde. Essa doutrina argumenta que Deus deseja que seus seguidores sejam ricos e bem-sucedidos financeiramente, e que a fé e as doações para a igreja são meios para alcançar tudo isto. Por promover esta visão mercantilista da fé, onde as doações são vistas como um investimento com retorno garantido, não é reconhecida por cristãos que professam a fé em Deus Pai, misericordioso. Fundamentalismo do domínio A Teologia do domínio baseia-se no capítulo primeiro do Gênesis. Na verdade, há duas versões sobre a criação, no Gênesis. Mas é citada apenas a primeira, quando se refere ao domínio. “Deus disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança para que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todos os animais selvagens e todos os répteis que se arrastam sobre a terra.” (Gn 1,26-29). A Teologia do domínio tem contribuído muito para a expansão das igrejas neopentecostais e o fortalecimento das bancadas religiosas cristãs no Brasil, especialmente no Poder Legislativo. "Esses grupos, frequentemente defensores de um espectro ultraconservador, utilizam argumentos teológicos, morais e escatológicos, muitas vezes influenciados pelo pensamento norte-americano", afirma Donizete Xavier, doutor em Teologia Fundamental pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Este teólogo questiona, se esta visão “deve ser entendida como uma sistematização teológica ou, mais propriamente, como uma problematização de natureza ideológica”. O texto bíblico foi lido de forma fundamentalista e literal, sem considerar que o relato tem, pelo menos, 3 a 4 mil anos. O sentido das palavras não são os de hoje. Esses grupos não consideram o que elas significavam na época em que foram escritas. O texto deve ser interpretado na ótica da afirmação do ser humano criado “à imagem e semelhança de Deus”. O sentido original, em hebraico, de “imagem e semelhança” faz com que o ser humano seja o representante do Criador. A exegese bíblica esclarece As expressões “subjugar” e “dominar” devem ser entendidas, simplesmente, como ”cultivar e cuidar”. Não como “dominar”. Em Gênesis 1, não há nada de violência e dominação. Há a segunda versão do Gênesis (2,4-25) que diverge da primeira, nunca referida pelos representantes da teologia do domínio. Na segunda, Deus tira todos os seres do pó da terra, também o ser humano, estabelecendo com isso um laço de profunda irmandade entre todos. Criou o homem que vivia em solidão. Deu-lhe, então, uma mulher, para ser sua companheira. Colocou-os no Jardim do Éden, não para dominá-lo, mas para “cultivá-lo e guardá-lo” . Essa análise, à base do hebraico, é decisiva para descartar uma interpretação, fora do tempo, fundamentalista, a serviço de um sentido político. Nada mais distorcido e falso. Para conhecer melhor a Teologia do domínio veja no IHU, entrevista com o historiador João Cezar de Castro Rocha, em 11-03-2024: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/637313-para-entender-a-perigosa-teologia-da-dominacao